Rota do Sonho
Trata-se de triangulações geométricas traçadas em escala sobre dezesseis localidades do mapa da América do Sul, fazendo a ligação entre elas. Locais que se sincronizam através de um conjunto de signos históricos, culturais e místicos, a exemplo do sonho de Dom Bosco, dos tetraedros e do pentagrama.
Traçado que cria o roteiro eco-cultural sul americano denominado Caminhos do Paralelo 15 S.
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Caminhos do Paralelo 15S (Rota do Sonho)
Chapada dos Guimarães, MT, 07
História
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Foto de sinalização instalada no Mirante do Centro da América do Sul em Chapada dos Guimarães, MT.
O traçado da Rota aconteceu frente a vivências onde o artista passou a conhecer o que fez, assim reconhecendo o que era: uma invenção.
Invenção que permite refletirmos e conhecermos um pouco mais sobre o verdadeiro “Eldourado” do centro da América do Sul, ou seja, as pessoas que lá permaneceram depois de sucessivos movimentos de colonização e exploração.
Trata-se de um traçado que busca a valorização de patrimônios ambientais e culturais do interior do país, do centro da América e de países vizinhos.
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Plano Piloto de Brasília e o Condor (geóglifo) da
Planície de Nazca. Ambos
no Paralelo 15 sul.
Referências históricas:
O sonho de São João Bosco, em 30 de agosto de 1883 revelou que:
“Tra il grado 15 e il 20 grado vi era un seno assai lungo e assai largo que partiva di un punto che formava un lago. Allora una voce disse ripetutamente, quando si verrano a scavare le miniere nascoste in mezzo a questi monti di quel seno apparirà quila terra promessa fluente latte e miele, sarà una ricchezza inconcepibilie” (Memorie Biografiche, XVI, 385-394)”
“Entre os paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou: “quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui à terra prometida, vertendo leite e mel; Será uma riqueza inconcebível” (tradução Monteiro Lobato)”
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Lagos da Rota:
Furnas – Guapé
Paranoá – Brasília
Manso – Chapada dos
Guimarães
Titicaca – Puno
Antes de Dom Bosco, os geóglifos da civilização Nazca, os mistérios do Lago Titicaca, a busca por um “Novo Mundo” empreendida por Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral e outros expedicionários e missionários.
Missões evangelizadoras como as Jesuítas, Franciscanas e Presbiterianas. Expedições como as empreendidas por Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral, Luís D’Alincourt, Hércules Florence, Hiram Bingham, Cel. Percy Harrison Fawcett. Sonhos e planos realizados como os propostos pelo arquiteto Lúcio Costa, manifestos a exemplo da Carta do Coração da América. A arquitetura natural, o patrimônio histórico e a exuberância das paisagens dessas regiões. Fatos e histórias que foram fundamentais para a elaboração da Rota do Sonho.
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Traçado feito sobre o mapa da América do Sul, levando-se em consideração os paralelos S15 e S20
O sonho de Dom Bosco permite várias interpretações, lugares como Machu Picchu, Chapada dos Guimarães, Chapada dos Veadeiros e São Thomé das Letras se alinham com as possibilidades do sonho… O fato é que esse sonho pode estar vislumbrando não apenas alguns, mas toda a região entre os paralelos S15 e S20 que, por suas riquezas, sejam ecológicas, culturais ou místicas se encaixam nas descrições oníricas do santo católico.
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Vista aérea da Casa do
Sonho em Chapada dos
Guimarães; Plano Piloto de Brasília e Olho da
Providência. Símbolos
ligados ao vôo.
Uma das maiores curiosidades do sonho do salesiano foi a marcação das coordenadas geográficas (Paralelo S15 ao S20). A linha do Equador divide o planeta em hemisfério sul e hemisfério norte. O Paralelo 15 Sul, é uma linha paralela à do Equador que corta o continente sul-americano do oceano Atlântico ao oceano Pacífico em sua região central. Em seu caminho cruza com cidades cujo patrimônio ambiental e cultural é de grande valor para a humanidade. Dentre esses patrimônios, citamos, por exemplo: Porto Seguro, Brasília, Pirenópolis, Goiás Velho, Serra do Roncador, Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Vila Bela da Santíssima Trindade, Lago Titicaca e a região de Ica, onde estão as linhas e geóglifos de Nazca.
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Rota do Sonho.
Neste contexto é importante compreender outro conceito, o de meridiano, que é a linha imaginária que resulta de um corte efetuado em um modelo geométrico da terra por um plano que contém o seu centro. O meridiano contém os pólos e é perpendicular aos paralelos e à linha do Equador. O cruzamento das linhas define a localização de determinado local na Terra, marcando a longitude e a latitude.
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Os três tetraedros do
Paralelo 15 sul.
Com base no levantamento dos atrativos e patrimônios turísticos e ambientais mais visitados do Paralelo S15, foram priorizadas quatro regiões, assim foi desenhado o primeiro tetraedro o do Centro da América da Sul (Rota W55) depois foi usado a mesma lógica para as outras regiões e apareceram os outros dois tetraedros do Paralelo S15 e o quarto é último o tetraedro do Sul de Minas.
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Vindo do oceano
Atlântico para o oceano
Pacífico, o primeiro
tetraedro, trata-se de
Brasília (terra), Goiás velho (fogo), Chapada dos Veadeiros (ar) e Pirenópolis (Água) – Caminho Brasil Central.
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Em Mato Grosso, no
Coração da América,
o tetraedro é feito com
Cuiabá (Fogo), Nobres
(Água), Jaciara (Terra) e Chapada dos Guimarães (Ar) – Caminho do Centro da
América do Sul ou Rota
W55.
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Na outra ponta da linha do Paralelo 15 S, a geometrização é feita pelas regiões de Puno (água), Ica (terra), Cuzco (Ar) e Arequipa (Fogo) – Caminhos do Sul do Perú.
Platão considerava o tetraedro a Partícula elementar da matéria e a substância mais dura de todas, que é o diamante, apresenta moléculas formadas por quatro átomos de carbono dispostos no vértice de um tetraedro.
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Morro do Japão em Chapada dos Guimarães – Carl Jung descreveu”sincronicidade” como coincidências significantes.
Pellegrim observou que características dessas regiões as ligavam aos quatro elementos da natureza – fogo, terra, água e ar. Essa ligação levou o artista a pesquisar o pentagrama e suas cores. “Tínhamos a região de “Terra” que se traduz em Brasília (poder, monumentos, etc) e seu entorno; a região de “Fogo”, Cuiabá (centro, luz, calor) e entorno; a região de “Ar”, Cuzco (alta, montanhosa, rarefeita) e entorno; e por fim a região de “Água”, Poços de Caldas e entorno (águas que curam, termais, etc).
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Teatraedo do Sul de Minas: São Thomé das Letras (Ar); Guapé (Água); São Lourenço (Terra) e Poços de Caldas (Fogo) – Caminhos do Sul de Minas Gerais.
Os Caminhos do Paralelo 15, levou a criação de uma integração, um traçado único (Éter), formado pelos quatro tetraedros irregulares.
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Os cinco elementos da Rota do Sonho: Terra, Água, Fogo, Ar e Éter.
Segundo o artista, esta Rota é própria para ser feita da forma que a imaginação, a criatividade, as limitações e potencialidades das pessoas permitirem.
Hoje em dia, com toda a tecnologia disponível, não justifica-se mais o fato de “negarmos” toda uma imensa e povoada região pelo fato dela estar distante dos grandes centros urbanos. É preciso (re)descobrir as pessoas do centro do país, do centro da América do Sul e melhorarmos nossas relações com os países vizinhos e com o meio ambiente.
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O encanto do Sul de Minas, com seus poços de ÁGUA.
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A Magia do Sul do Peru, região montanhosa onde aprendemos a dar valor ao AR.
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Centro da América do Sul, oeste vermelho da região de “fogo”: Cuiabá (centro, luz, calor) e entorno.
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Os cinco elementos da Rota do Sonho: Terra, Água, Fogo, Ar e Éter.
Bibliografia:
01 – Costa, Lúcio. Chapada dos Guimarães: 30 Anos do Plano Diretor para o Turismo. Cuiabá: Casa de Guimarães, 2008);
02 – Sonho de Dom Bosco, Vol. XVI. Memórias Biográficas, p. 385 e seguintes;
03 – Florence, Hercule. Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas: 1825 a 1829. Tradução Visconde de Taunay. São Paulo, Cultrix, Edusp, 1977;
04 – Silva Leme, Luiz Gonzaga. Genealogia Paulistana: Volume I Pág. 500 e seguintes Cap. 2.º § 2.º: 1903 a 1905. Antônio Pires de Campos, ainda criança, acompanhou a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, até a mitológica Serra dos Martírios, provavelmente a Serra do Roncador (Chapada dos Guimarães e Serra Ricadro Franco não são hipóteses descartadas);
05 – Historia general de las Indias, parte 1.ª, capítulo XXXII;
06 – Vitor Manuel Adrião, História Secreta do Brasil – Flos Sanctorum Brasiliae. Madras Editora Ltda., São Paulo, 2004;
07 – Vitor Manuel Adrião, As Forças Secretas da Civilização (Portugal, Mitos e Deuses), capítulo “O misterioso Cristóvão Colombo”, Madras Editora Ltda., São Paulo, 2003;
08 – Simon Wiesenthal, A Missão Secreta de Cristóvão Colombo. Editorial Futura, Lisboa, 1974;
09 – Vangelista, Chiara. Las relaciones hispano-portuguesas en el norte de Mato Grosso, siglos XVIII e XIX. IN Jordán, Pilar García. Las raíces de la memoria: Amèrica Llatina, ahir i avui, Cinquena Trobada, Debat. Edicions Universitat Barcelona, 1996. pp. 416-418;
10 – Ortiz, Victor Hugo Limpias. Misiones de Moxos: Arquitetura religiosa, residencial e industrial. La construción de un urbanismo productivo en el corazón sudamericano. IN Marzal, Manuel María & Tua, Sandra Negro (2005). Esclavitud, economía y evangelización: las haciendas jesuitas en la América virreinal. Fondo Editorial Pontifícia Universidad Católica del Perú, 2005. pp. 520-524;
11 – Hatfield, María Fabiola Rodríguez. Misiones Jesuitas de Chiquitos: La utopia del reino de Dios en la terra. Universitat Politècnica de Catalunya, 2007;
12 – D’allincorurt, Luiz. Memórias do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá – Editora da Universidade de SP/ Editora Itatiaia Ltda. 1975- Belo Horizonte – MG;
13 – Ferreira Mendes, Francisco Alexandre. Lendas e tradiçoes Cuiabanas. Serra de São Jerônimo (Canastra). Edição Fundação Culural de Mato Grosso, Cuiabá – 1977;
14 – Dias Pino, Wladimir/ Lucas do Amaral, Viviene/ Queroz de Medeiros, Heitor. Chapada dos Guimarães. Gráfica da UFMT. Cuiabá. 1992;
15 – Movimento Nacional de Artistas Pela Natureza. Carta do Coração da América. Diário de Cuiabá/Gazeta e outros. Cuiabá. 1988;
16 – Mattos Jr, Jorge Belfort. Teoria Mística de Chapada dos Guimarães. http://www.chapadadosguimaraes.com.br/teoria.htm. Sem Data;
Fonte:
Daniel Pellegrim – Site do Artista – Rota do Sonho
www.pellegrim.art.br/10301/18101.html